terça-feira, 26 de abril de 2011

Herança Grega

Este é o primeiro post de meu blog. 
Como um dos seus objetivos é discutir a importância do legado greco-latino para a cultura dita "ocidental", de que somos parte, invoco a poesia de um autor latino-americano como boas-vindas a todos. 
Jorge Luís Borges (1899-1986), gênio nascido em Buenos Aires, admirou-se pela cultura grega ainda um menino, a crer num fato biográfico que lhe é atribuído: aos sete anos, escreveu (em inglês!) um resumo sobre o conjunto dos autores da literatura grega. No trecho abaixo, Borges tematiza "el hecho capital de la Historia", quando procura captar o momento preciso em que os gregos fundam o logos, o diálogo, a filosofia. Com razão, alguém já disse que o legado dos gregos para a filosofia ocidental é a própria filosofia ocidental.
Posto que as traduções não valem originais  parafraseando Machado de Assis em Esaú e Jacó , ponho o texto também em espanhol.
Na foto ao lado, o pequerrucho Borges.



Dois gregos estão conversando, Sócrates, Parmenides?
Convém que nunca saibamos seus nomes.
A história assim será mais misteriosa e tranqüila
O tema do diálogo é abstrato, aludem a mitos dos quais ambos descrêem.
As razões que alegam podem ser ricas em falácias e não buscam o fim, não polemizam.
Não querem persuadir nem ser persuadidos.
Não pensam em ganhar ou em perder.
Estão de acordo em uma única coisa: sabem que a discussão é um caminho possível para se chegar à verdade.
Pensam ou procuram pensar.
Essa conversa entre dois desconhecidos em um lugar da Grécia antiga é o fato capital da história, porque eles esqueceram a prece e a magia.



(Disponível em: http://saravaclub.blogspot.com/2006/11/dois-gregos-estria-porque-eles.html)


El principio

Dos griegos están conversando: Sócrates acaso y Parménides.
Conviene que no sepamos nunca sus nombres; la historia, así será más misteriosa y más tranquila.
El tema del diálogo es abstracto. Aluden a veces a mitos de los que ambos descreen.
Las razones que alegan pueden abundar en falacias y no dan con un fin.
No polemizan y no quieren persuadir ni ser persuadidos, no piensan en ganar o en perder.
Están de acuerdo en una sola cosa: saben que la discusión es el no imposible camino para llegar a una verdad.
Libres del mito y de la metáfora, piensan o tratan de pensar.
No sabremos nunca sus nombres.
Esta conversación de dos desconocidos en un lugar de Grecia es el hecho capital de la Historia.
Han olvidado la plegaria y la magia.



(Disponível em: http://elsofista.blogspot.com/2005/02/el-riesgo-de-filosofar-en-soledad.html)